A importância de celebrar a diversidade no mês do orgulho LGBTQIA+
Por Lygia Larangeira – Consultora Actionsys
Esse é o mês da diversidade, e é um bom momento para trazer alguma reflexão.
Esse não é um texto fácil de escrever. Não porque eu tenho uma horrorosa história de superação, dessas que aparecem por aqui, com uma trajetória sofrida de trabalho em lugares que me discriminaram e na qual no fim acabo me encontrando profissionalmente e me apaixonando por uma empresa que “me aceitou como eu sou”. É porque, estatisticamente, estou fora da curva. Explico.
Há menos dados sobre a presença de pessoas LGBTQI+ no mercado de trabalho do que sobre a população economicamente ativa. Os dados existentes – produzidos por empresas de grande porte que possuem programas de inclusão sólidos ou por agências de Marketing e Engajamento – revelam não existir ainda um grande interesse por esse tema entre as empresas. E isso não é espantoso, se pensarmos que a homossexualidade só foi removida da lista internacional de doenças da OMS em, pasme, 1990.
Não vou colocar gráficos e números aqui (vou indicar umas fontes no fim desse artigo), mas o resumo do panorama é o seguinte: quando o assunto é a população LGBTQI+ no mercado, a maior parte das empresas não tratam da questão, outras conversam mas nada fazem a respeito, e somente 10% delas têm ações efetivas nessa direção.
Sem contar que, ainda hoje, há um número expressivo de empresas com restrição para a contratação dessas pessoas. Do lado dos trabalhadores, a maior parte deles não declara orientação sexual no ambiente de trabalho – seja por falta de intimidade, ou por não sentirem necessidade de expor a vida pessoal, medo de discriminação, de demissão ou de ter sua capacidade questionada. E os que declaram, não o fazem para todas as pessoas da empresa. E, além disso, 90% da população de travestis e transexuais estão recorrendo à prostituição para sobrevivência pois o mercado simplesmente não contrata.
“Bom, o que eu tenho a ver com isso?”, você que está lendo pode perguntar. Se a sua empresa não está envolvida com questões voltadas para diversidade e, especificamente, para as questões que envolvem as pessoas LGBTQI+, saiba que eles podem estar perdendo em crescimento, inovação, redução de turnover e, por fim, lucro.
Eu mesma sempre me senti incluída. Nunca me escondi e, por isso, estou fora da curva. Fiquei pouquíssimo tempo desempregada na minha vida, já trabalhei com tudo que se pode imaginar, meu currículo é, digamos, eclético. Já ouvi piadinhas, absurdos, já fui tratada de um jeito diferente por ser LGBTQI+? Já. Foi prudente da minha parte? Talvez sim, talvez não. Eu tive o privilégio de poder estar fora da curva. Mas boa parte das pessoas LGBTQI+ não poderiam estar, pois precisam comer, sobreviver. Mas isso me proporcionou uma vida feliz, cheia de histórias e aprendizados. E ser feliz, ser quem a gente é, é sempre mais prudente.
Umas fontes legais:
- Essa pesquisa massa feita pela Agência Caos: https://ac-landing-pages-user-uploads-production.s3.amazonaws.com/0000061489/c6a8e4cc-8591-4e08-a0a4-8e17c2f95685.pdf
- Essa lista de empresas com iniciativas direcionadas para as pessoas LGBTQI+: https://www.abrhbrasil.org.br/cms/?s=LGBT